Os impactos da crise em um processo de R&S

Para aqueles que pensaram na redução das vagas como um resultado do encolhimento do mercado, sim, esse é um dos mais perceptíveis impactos nos processos de R&S, no entanto, há outras formas mais sutis que dificultam em muito a fluidez de um processo.

Redução de salários para as novas ofertas

Ao afetar o faturamento das companhias, a crise faz com que estas sejam forçadas a ajustar suas estruturas à nova realidade, por exemplo, demitindo os profissionais mais caros e contratando outros bons disponíveis no mercado a salários menores. Até aqueles profissionais empregados que estão passando por um desejado processo de transição têm tido menos espaço para uma negociação mais agressiva, assim como acontecia no passado.

Posição de Coordenação em alta

Em várias empresas dos mais diversos setores (de bens de consumo à indústria de transformação), um dos primeiros impactos da crise é o encolhimento de departamentos, levando em vários casos a substituição de gerentes por coordenadores. Essa dança das cadeiras abre uma janela de oportunidade de promoção para experientes Analistas, o que pode vir a ser um tanto arriscado dependendo da situação apresentada. Contudo, o recém-promovido ou contratado deverá estar preparado para ter seu trabalho comparado ao do antigo gerente, uma vez que a mudança da área está em pleno curso e o novo coordenador está em foco nesse momento.

Candidatos mais reticentes para uma mudança

Tenho percebido que candidatos começam um novo processo muito motivados, na expectativa de colocar um ponto final nas suas insatisfações profissionais correntes ou mesmo desemprego. Porém, ao avançar no novo processo, percebem que a vaga também é cheia de desafios que não dependem apenas da sua competência profissional, afinal, estamos todos dentro do mesmo ambiente econômico.

O fantasma da contraproposta

Em época de contenção de despesas, algumas empresas tendem a enxergar o pedido de demissão de um bom profissional como um custo indesejado. Resumem equivocadamente o desejo do candidato por uma mudança ampla a uma mera insatisfação financeira e lhe fazem uma contraproposta. O ponto crítico é quando o próprio candidato se trai em seus anseios, aceitando-a, na crença que sua empresa não lhe demandará nada em troca. Sempre que estou conduzindo um processo seletivo e isso acontece, questiono o candidato sobre as novas exigências que ele terá a partir do aumento salarial concedido, se essa nova configuração lhe interessa e se a renegociação inesperada não abalará a confiança de seus líderes.

Enfim, cabe aqui relembrar uma máxima bastante válida para o momento: “em época de crise, trabalha-se o dobro para se atingir a metade do resultado”. Mas não desanime, pois grandes organizações ou profissionais ou até mesmo nações, se desenvolveram mais depois de grandes crises e, com trabalho árduo, chegaram na posição em que hoje estão .